Hoje eu vou falar sobre um assunto que me deixa muito mal. Talvez essa seja a única parte do empreendedorismo que eu realmente não gosto.
“Eu odeio ter que demitir pessoas”.
Toda vez que passo por uma situação dessa, eu fico extremamente abalada psicologicamente e entro num processo de “binding into eating”, onde eu começo a comer descontroladamente.
Aí você pode perguntar: Mas Juliana, se te abala tanto assim, não seria melhor não demitir a pessoa? E a resposta é não!
Antes de entrar nos porquês, eu deixo aqui dois links sobre o tema: o primeiro de um texto muito bom do Sebrae sobre demitir pessoas. O segundo, um vídeo do Investidor Sardinha, sobre as cinco principais razões que levam pequenos negócios à falência. Um deles é não demitir pessoas porque você gosta delas.
Além disso, eu já conversei com vários outros empresários mais experientes que eu e todos foram categóricos em afirmar que não demitir um funcionário na hora certa é extremamente prejudicial para a empresa.
E qual seria a hora “certa” de tomar essa decisão? Afinal, não dá também para contratar alguém e demitir no mês seguinte. A não ser, é claro, que a pessoa cometa um erro muito grave.
Eu não acredito que existam pessoas ruins. Acho que existem pessoas desinteressadas, desmotivadas ou desalinhadas com a cultura e objetivos da empresa. Tem muita gente que fica nos seus trabalhos simplesmente para pagar boleto e não está atrás do que realmente gostaria de estar.
Pensando assim, o processo de demissão acaba sendo valioso para ela também, porque, passado o choque inicial, ela vai poder criar coragem através da necessidade e ir atrás de algo que realmente faz sentido na vida dela.
Por isso, antes de qualquer coisa, temos que voltar do começo. O processo de contratação precisa ser muito bem desenhado.
Eu vejo pouca gente sendo demitida por falta de habilidades. E muita gente sendo demitida por falta de atitude. E isso está diretamente ligado à cultura de cada empresa.
Beleza. Contratou e a pessoa não está performando? Manda embora? Ainda não.
Os processos de avaliação e feedback também são fundamentais. Um bom gestor, ou um bom CEO tem que achar o lugar certo para a pessoa. Aqui dentro, por exemplo, eu já tive vários casos de funcionários que não foram bem em uma determinada área, até que a gente conseguiu achar o jeito e a área certos, onde ela se mostrou extremamente eficiente.
Agora, se depois disso tudo, a coisa não anda, aí é a hora de mandar embora. Está claro um desalinhamento da cultura.
Por isso, é tão importante um bom processo de contratação, complementado pelos processos de avaliação. Ambos precisam estar completamente alinhados com a cultura da empresa. Só assim, você vai conseguir distinguir se o profissional não está performando por falta de atitude ou porque está no lugar errado.
Resumindo, não tome decisões baseadas no seu sentimento ou gostos pessoais. Você precisa tomar decisões analíticas. Mandou bem, mandou ruim, bateu meta, não bateu meta. Tem várias coisas que você pode botar no seu processo de avaliação trimestral para contemplar as diferentes necessidades que existem dentro da empresa.
Mas isso a gente deixa para um próximo texto…