Introdução
Imagine uma época em que colégios não apenas preparavam para o vestibular, mas também formavam indivíduos completos, prontos para enfrentar os desafios do “Jogo Infinito da Vida”. Um lugar onde o aprendizado ia além da Matemática, Português, Química e Física… envolvendo atividades extra-curriculares como viagens, técnicas de vendas, competições e corais. Essa era a realidade do Colégio Cruzeiro, uma experiência que moldou meu caráter e habilidades.
Minhas Experiências
Eu fiz o ensino médio no Colégio Cruzeiro, um lugar que me proporcionou diversas oportunidades de crescimento. Além de todas as matérias clássicas, a gente tinha também uma possível viagem para a Alemanha. Só que quem pagava essa viagem éramos nós mesmo. Para arrecadar fundos, nos dividíamos em pares e vendíamos doces e biscoito globo no recreio. Também criávamos camisetas da viagem e as vendíamos nas turmas, aproveitando as sextas-feiras sem uniforme para promover nossas ideias.
Nas festas juninas e festas de maio, as maiores do colégio, cada grupo ganhava uma barraca para vender seus produtos, e lembro das disputas acirradas para vender a popular batata do Sorriso. Além disso, o colégio oferecia atividades gratuitas, como natação, vôlei e coral, nas quais participei ativamente, além de outras atividades pagas, como aulas de espanhol e violão.
Hoje, o Colégio Cruzeiro ainda existe, mas muitas dessas atividades foram cortadas ou reduzidas. A pressão dos pais por aprovações em vestibulares como medicina, fez com que a escola mudasse seu foco, concentrando-se mais nos resultados acadêmicos. No meu tempo, a filosofia do colégio era desenvolver o indivíduo de forma integral, preparando-nos para os desafios da vida, não apenas para uma prova.
Essa mudança não é exclusiva do Cruzeiro. Muitas escolas no Brasil seguiram o mesmo caminho, enquanto apenas instituições de elite, como a Escola Americana ou o Colégio Corcovado, continuam com a abordagem holística de educação. Isso torna o desenvolvimento integral inacessível para a maioria das famílias, reservando essa formação completa apenas para os mais ricos.
Consequências
A consequência disso é terrível para o mercado de trabalho, Hoje, atuando como gestora nas minhas empresas, vejo uma geração sem habilidades interpessoais básicas (ou as “soft skills”, como costumamos chamar), incapaz de negociar ou trabalhar em grupo. Enquanto o foco está no vestibular, o verdadeiro impacto é sentido na vida profissional e pessoal, onde habilidades como negociação e trabalho em equipe são cruciais.
Essa transformação no enfoque das instituições de ensino levanta uma questão crucial: estamos realmente preparando nossos jovens para a vida ou apenas para um exame?
Conclusão
Como costumo falar sempre, a vida é um jogo infinito e o verdadeiro valor de uma educação integral não está apenas na acumulação de conhecimento técnico, mas na capacidade de formar indivíduos completos, aptos a navegar pelas complexidades do mundo moderno.
Em um mundo completamente diferente, dominado por ferramentas de Inteligência Artificial, se torna fundamental repensarmos nossas prioridades educacionais para garantir que as gerações futuras sejam não apenas bem-sucedidas academicamente, mas também preparadas para viver de forma plena e significativa.