Este artigo é fruto da validação da experiência de produzir um protótipo finalista em uma maratona de aplicações. As dicas aqui apresentadas, são baseadas na vivência do desenvolvimento do Iná, um jogo para dispositivos móveis de impacto social, que dá visibilidade a precariedade de iluminação em becos e vielas de periferia.
Neste artigo você vai encontrar conteúdos relacionados aos seguintes tópicos:
- O que são maratonas, hackathons e game jams
- por que participar?
- O que é prototipação?
- Como desenvolver um jogo em 48h?
- Importância da Gestão de Tempo
- Dicas Finais
Boa leitura!
Maratonas, Hackathons e Game Jams
Se você já participou de maratonas, game jams e hackathons, sabe a correria que é o processo de conceber uma ideia, testar, validar e apresentar num curto período de tempo.
Mas por que as pessoas se sujeitam a um processo tão cansativo quanto a participação de maratonas? Eu te explico.
Esses eventos são sempre uma grande oportunidade para: tirar uma ideia do papel, por em prática seus conhecimentos, ser visto, pensar e propor soluções para um problema que afeta a um nicho de pessoas, ter sua ideia valorizada e impulsionada, se conectar com ‘parceiros’ em potencial.
Maratona: período de tempo que exige atenção e resistência em se dedicar ou competir por algo
Hackathon: maratona de desenvolvimento de aplicações, conceitos, ideias
Game Jams: maratona de desenvolvimento de games
O maior erro de boa parte dos iniciantes em maratonas é não testar ou prototipar a ideia. Passar as 24h, 48h ou 72h com uma ideia na cabeça e executando de cara, ao inves de testar com um nicho de pessoas ou realizar uma breve pesquisa com o público alvo pode custar uma frustração.
O que é prototipação?
É colocar em prática num processo de teste, da maneira mais rápida e com o menor custo possível, para validar o conceito através da disponibilização do seu produto para os usuários em potencial.
O Hacking.Rio foi a maior maratona de aplicações da Améria Latina, que envolveu mais de 12 clusters para pensar e propor soluções para a cidade do Rio de Janeiro. Participei do cluster de Games e Realidade Virtual, com uma equipe multidisciplinar composta por: um programador, uma designer UI/UX, uma modeladora, uma gerente de projetos e um de marketing. Em 48h nasceu Iná, um jogo de impacto social para dispositivos móveis.
Como desenvolver um protótipo de jogo em 48h?
O maior desafio de um jogo de impacto social, é que ele precisa além de passar uma mensagem para persuadir os usuários sobre determinada questão social, ser desafiador, divertido e coerente com a narrativa.
A vontade de, após ter a ideia, ir programar logo de cara é muito tentadora. Mas a mecânica tem que funcionar, tem que ser coerente com a narrativa. A dica aqui é: você tem pouco tempo, a tendência de ter bugs no código é alta, então faça um protótipo o mais rápido que conseguir e chame alguém pra jogar, contando pra ela apenas o essencial. Para testar o Iná, simulamos o nosso mapa no papel, e reproduzimos os recursos do jogo como massinha. Foram mais de 20h prototipando, pivotando, adaptando e testando, com mais de 15 testers do segmento de games e de outras áreas. Importante anotar os feedbacks.
Tem também a questão do tempo. Foram mais de 20h prototipando numa maratona de 48h, qual a vantagem disso? A vantagem é você ter uma margem de certeza maior de que sua ideia funciona, e se preocupar de colocar em prática apenas o que foi validado do seu MVP (Produto Mínimo Viável).
A pesquisa de referências também é muito importante. É necessário pesquisar aplicações de sucesso, potenciais concorrentes e se sua ideia já não existe no mercado. Afinal, não é legal se dedicar por dias em uma solução que já existe. Analise os concorrentes e tire o que funciona de aprendizado, não repita os mesmos erros e faça um bom design do seu produto.
A importância da Gestão do Tempo num protótipo de sucesso
Em maratonas é importante utilizar do conceito usado nas metodologias ágeis. Tenha sua estimativa de tempo o mais flexível possível de acordo com o processo criativo da sua equipe. No Hacking.Rio usamos as seguintes métricas:
- E, antes de qualquer coisa, fizemos um Brainstorm (toró de ideias) sobre como iríamos categorizar o processo de produção e dividir as tarefas, ficou assim: Arte Conceitual, Interface, Pesquisa de Impacto, Business e Desenvolvimento;
- Nas primeiras 24h, dividimos as entregas usando como referência as refeições principais do dia: antes do café da manhã, antes do almoço, antes do lanche, antes do jantar;
- Passadas as primeiras 24h, no qual concebemos a ideia, prototipamos (no papel) e testamos (com mais de 15 pessoas), foi chegado a hora de botar a mão na massa. Só tínhamos mais 24h para programar e fazer o business da ideia (porque era preciso apresentar ao grande público em três minutos – Pitch). Os deadlines desse período foi baseado em horas estratégicas (considerando a escala de sono da equipe e as entregas do evento): antes das 2h da manhã, entre 3h e 8h da manhã, antes de 12h (primeira entrega escrita), antes das 15h (primeira avaliação).
Dicas Finais
E foi assim, de maneira disciplinada e paciente que nossa equipe foi campeã do cluster de games durante o Hacking.Rio 2018. Então abaixo vai um compilado com o resumo deste artigo com dicas pontuais:
- Faça uma escala de sono com a equipe (vamos evitar a exaustão);
- Defina categorias para a equipe pesquisar e produzir. Numa equipe multidisciplinar fica mais fácil de dividir as tarefas, mas se não for o caso da sua equipe, essa categorização é muito importante;
- Observe quais são os horários das entregas principais (marcos);
- Defina deadlines possíveis e flexíveis (não adianta botar uma meta que não vai cumprir);
- Prototipe sua ideia e valide (seja com papel e massinha ou com formulário na internet);
- As horas finais são muito importantes, é necessário foco e organização;
- Separe alguém da sua equipe para focar apenas no business do produto (não adianta um protótipo incrível se a apresentação não for a altura), é importante ter uma boa apresentação da sua ideia;
- Anote e mantenha contato com pessoas interessadas na sua ideia.
Maratonas, hackathons e game jams são ótimos espaços inclusive para aprender coisas novas. Às vezes há um conteúdo que ninguém do grupo sabe mas que é fundamental para a ideia funcionar. Saia da zona de conforto e aprenda algo novo, afinal não é mesmo um privilégio aprender um conteúdo botando em prática?
O Iná (jogo desenvolvido no Hacking.Rio) precisa de voto popular para seguir em produção. Siga nossa página no facebook e saiba como nos ajudar. Boa sorte na participação desses eventos incríveis. São neles que nascem startups e ideias que mudam o mundo!
[Este artigo foi originalmente publicado em 26 de agosto de 2018 e é de autoria da Anny Caroline Sousa. Você pode ler o post original em https://www.linkedin.com/pulse/prototipando-uma-ideia-em-48h-hackingrio-cluster-de-games-sousa/ ].