Outro dia passou pelo meu Instagram um reels de uma menina, produtora de conteúdo que listava uma série de tarefas que ela dizia ser capaz de entregar por “apenas” R$ 2000,00.
Em 45 segundos, ela vendia desde o planejamento completo das redes sociais até a análise de resultados, passando pela programação dos posts, textos, roteiros, artes e tudo mais.
Meu sócio, Ian Freitas Rochlin, também foi impactado e me encaminhou a publicação.
Na hora, eu pensei: duvido! Não tive nem vontade de mandar uma mensagem, porque entregar tudo aquilo por aquele preço é impossível. Ou então vai ser um serviço mal feito, totalmente padronizado, sem identificação com a marca ou o cliente.
No mesmo dia, estávamos em Brasília, buscando um edital de R$ 1 milhão, para capacitar 1200 alunos. Um dos nossos parceiros falou: “Não tem como capacitar tanta gente por um valor tão baixo.”
No entanto, conseguimos no passado capacitar 1000 alunos com apenas R$ 300 mil, um terço do valor solicitado. Ao compartilhar essa conquista, nos deparamos com questionamentos sobre a qualidade do nosso trabalho, ecoando exatamente as dúvidas que eu tive em relação a menina: seria realmente possível ou teríamos entregue um trabalho malfeito?
Após essa reflexão, veio à mente a pergunta: quantos clientes poderíamos ter perdido por oferecer preços tão baixos? Especialmente quando estamos no início e ainda não conquistamos reconhecimento no mercado.
Ao mesmo tempo, se você duplica ou triplica seu preço, você pode ainda não ter acesso a esse tipo de cliente, disposto a gastar mais por uma boa entrega garantida.
É uma verdadeira encruzilhada: o que vem primeiro, o ovo ou a galinha, ou melhor, portfólio ou o preço? Afinal, é difícil oferecer preços elevados quando não há um histórico consolidado de qualidade e entrega.
Ao mesmo tempo, quando começamos a atrair bons clientes, corremos o risco de afastá-los se nossos preços forem muito baixos. Esse tipo de cliente não está em busca de aventuras; eles querem garantias e qualidade.
Podemos pensar a mesma coisa na hora de fazer a localização do preço do nosso jogo. Cada pais vai ter um preço diferente.
Resumindo: nesse dilema entre o preço e a qualidade, é essencial encontrar um equilíbrio que valorize tanto o serviço oferecido quanto o valor cobrado por ele.
Construir um portfólio sólido e conquistar a confiança do mercado são passos fundamentais para justificar preços mais altos. Porém, é importante também não subestimar o próprio trabalho, pois oferecer preços muito baixos pode comprometer a percepção de valor e afastar clientes dispostos a investir em qualidade.